quarta-feira, 20 de abril de 2011

Espiritualidade na Organização: uma ferramenta de gestão


Por Patrícia Carvalho*

Não se discute mais a importância das pessoas para o sucesso das organizações. É reconhecido que são as pessoas, por meio de seus potenciais e competências que possibilitam às empresas criarem, inovarem e manterem-se competitivas.

A necessidade de capacitação e desenvolvimento constante dos profissionais é também condição sine qua nom para que as pessoas permaneçam no mercado de trabalho. Mas é preciso reconhecer que as pessoas são mais que fonte de criação, inovação, potencial e competência... As pessoas são compostas por emoções e sentimentos que norteiam suas ações.

O sentimento de estar envolvida com algo que é maior que o seu próprio EU, transcende a pessoa que estabelece um vínculo maior de comprometimento, encantamento, doação e cumplicidade com a situação. A esse "algo maior" damos o nome de espiritualidade, que não pode e não deve ser comparado à religião.

Não existe uma única definição para os termos espiritualidade e religião devido à diversidade conceitual e multidisciplinar dos termos, mas de maneira simples pode-se entender como religião um sistema organizado que dentro de universos históricos e culturais específicos, possui crenças e práticas relativas a seres sobre-humanos e espiritualidade está relacionada a questões de natureza pessoal quanto ao significado da vida e a razão de viver, não estando, necessariamente, limitada a tipos de crenças ou práticas religiosas. A espiritualidade está diretamente ligada aos aspectos subjetivos do indivíduo e nas experiências de entrar em contato com o mais profundo do seu ser, por meio de sentimentos, que o mobilizam internamente, mexendo com sua identidade, estruturando e redirecionando sua vida. Ela também transcende as práticas religiosas, pois é a consciência da dignidade humana respeitando e incluindo o diferente.

No ambiente de trabalho, portanto, é necessário compreender que a cultura organizacional, por meio de seus valores e crenças, exerce influência na percepção e na convivência entre as pessoas que dela fazem parte, pois é no ambiente de trabalho, por viverem a maior parte do seu dia, que as pessoas buscam satisfazer e compartilhar suas necessidades de relacionamentos, conquistas e até da fé que experimentam. Recorrendo as quatro necessidades espirituais universais apresentadas pela Filosofia, pode-se pensar, não apenas o indivíduo, mas também o ambiente de trabalho e a sua relação com as atividades que desenvolve: 1) a singularidade como indivíduo; 2) união com algo maior do que o eu; 3) utilidade aos outros e 4) compreensão da vida e do trabalho.

Cabe, então, às organizações um olhar atento às suas estruturas materialistas que se preocupam com o Ter e esquecem que o Ser é que faz a diferença, pois as pessoas que São, empregam positividade, têm satisfação e alegria no que realizam, além de criarem um ambiente harmonioso, coeso e de colaboração mútua.
É tempo de valorizar e preservar o Ser!

Um abraço,

*Patrícia Carvalho - Publicitária, economista, psicóloga organizacional pós-graduada com MBA em Gestão de Pessoas. Palestrante, consultora, há 15 anos pesquisa e desenvolve projetos nas áreas de desenvolvimento humano e organizacional. Coordenadora de pesquisa e desenvolvimento do Programa Aplicado de Estudos da Personalidade – PAEP e Projeto de Apoio Psicossocial e Vocacional – PAP.

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